A liberdade humana e as obrigaçoes do culto

A LIBERDADE HUMANA E AS OBRIGAÇÕES DO CULTO

Embora toda a pregação de  Cristo dissesse respeito ao amor ao próximo e no amor a Deus, não apresentou códigos de comportamento detalhados e obrigatórios. Os fariseus seguiam códigos de conduta muito extensos que seguiam escrupulosamente pensando que o cumprimento  rigorosamente destas regras lhes garantiria a vida eterna. Este comportamento foi duramente criticado por Cristo que os chamou hipócritas por se esquecerem que a verdadeira fé representa uma escolha livre que para lá das regras implica o amor ao próximo e o amor a Deus.
Dos ensinamentos de Cristo só se encontram dois   textos que poderão ser considerados códigos conduta embora sejam propostas de comportamento – o Sermão da  Montanha e uma oração, o Pai Nosso, Estes textos não são uma lista de obrigações mas sim sugestões para seguir uma vida melhor. O seu conteúdo é bastante consensual e Cristo , propondo uma escolha , respeita a liberdade do homem.
Os primeiros cristãos tiveram que organizar o culto pois o único acto cultual que Cristo deixou foi a Eucaristia.
Reuniam-se na casa de um deles para partilhar uma refeição e celebrar a Eucaristia com pão e vinho como na Ultima Ceia. Não  estava estabelecido o  seu caracter obrigatório mas a fé era grande como era próprio das religiões  perseguidas.
Com a conversão de Constantino, tudo mudou. O culto passou a ser exercido publicamente em espaços próprios,as igrejas. O grande  numero de fieis levou a substituir o pão e o vinho pela óstia  consagrada.
Como apoio dos imperadores a igreja tornou-se poderosa, embora muitas vezes através dos tempos tenha exercido este poder de um modo não cristão –perseguição aos heréticos por vezes  com guerra e pena de morte, cruzadas, inquisição,  excomunhão.
Através dos tempos a razão do culto era não só o amor de Deus mas essencialmente o medo de um Deus mais castigador que misericordioso.
Foram criadas obrigações , com a ameaça do purgatorio  e do inferno após o juízo final criando-se assim um certo farisaísmo – o importante é cumprir as regras, esquecendo que a religião é acima de tudo motivada pelo amor a Deus
Os cinco mandamentos da Santa Madre Igreja são uma consequência desta mentalidade. Recordemos e analisemos esses mandamentos:
1.Participar na missa aos domingos e dias santos de guarda e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a santificação desses dias. Se fosse uma sugestão seria uma proposta mais que razoável. Seria até  bom que quem pudesse fosse todos os dias à missa porque esta é o memorial de Cristo
Um acto desta natureza não deveria ser obrigatório- faz-se livremente por amor, não por imposição.
2. Confessar os pecados pelo menos uma vez  por ano. Já abordamos este tema no capitulo anterior. Um cristão deverá confessar-se quando sentir necessidade.
3. Comungar pelo menos na altura da Pascoa. Considero que o ideal seria comungar em todas as missas mas, evidentemente, por decisão própria e não por obrigação
4.Abstinencia e jejum nos dias determinados pela Igreja. Devo dizer humildemente que não aceito esta regra nem compreendo a sua razão de ser.
A regra não é igual para todos pois logicamente não se aplica na integra aos vegetarianos e não afecta os que gostam mais de peixe do que de carne.
Por outro lado  poder-se-ia ficar livre desta obrigação comprando indulgencia, o que para lá  de ser uma medida incompreensível, torna esta medida obrigatória apenas para os pobres.
É bom recordar que  a oposição de Lutero às indulgencia foi o factor desencadeante do protestantismo.
5.Atender às necessidades materiais da Igreja. Tambem aqui a medida deveria ser voluntária.
A transformação destes mandamentos em sugestões para serem seguidas voluntariamente, implica um grande esforço educativo da Igreja na explicação destas sugestões e  o abandono da ideia do Deus castigador para a de um Deus misericordioso que tem por nós um amor  infinito



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