A fé- a certeza de Deus


A certeza de Deus

Perante um juízo, a inteligência pode tomar uma atitude de certeza se adere a uma das alternativas (verdadeiro ou falso) de dúvida se não consegue escolher entre as duas alternativas e de opinião se se inclina para uma das alternativas sem razões totalmente fundamentadas.
A certeza pode surgir por evidência imediata ( o todo é equivalente à soma das suas partes), por uma razão intrínseca quer por dedução (demonstração dos teoremas) quer por indução (leis das ciências naturais) ou por uma razão extrínseca quando se aceita como verdade o testemunho de uma pessoa ou instituição credíveis.

 é a certeza por razões extrínsecas. É a adesão do nosso espírito a alguém a quem damos crédito absoluto. Quando afirmamos que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia aceitamos os testemunhos da história. Quando aceitamos resultados publicados num jornal científico aceitamos a credibilidade dos autores. Esta fé  surge como uma verdade plausível e evidente mas que pode ser questionada.
É por esta razão se a palavra fé é geralmente reservada para a fé divina, para a verdade revelada por Deus. Embora esta fé seja por definição inquestionável, tem necessidade da inteligência para a compreender. 

Em geral nas igrejas faz-se pouco apelo à razão, à reflexão crítica, à pergunta. Como se a fé não tivesse de conviver com a inteligência, com a duvida e com a pergunta.
Padre Anselmo Borges

revelação está centrada não só sobre a certeza de Deus mas também num conjunto de afirmações sobre a natureza de Deus e as suas relações com os homens, a que se chama mistério. Nas religiões cristãs, a Santíssima Trindade é uma peça fundamental do mistério.




Triumph of Faith over Idolatry, by Jean-Baptiste Théodon (French, 1646–1713). Church of the Gesù, Rome, Italy


Pode-se considerar mistério  aquilo que é completamente inacessível à razão, embora não possamos considerar a fé como a submissão passiva da inteligência. Pode-se adquirir um conhecimento misterial (JEAN GUITON) pois que podemos raciocinar sobre o revelado elaborando uma filosofia misterial. Como dizia S.BERNARDO DE CLAIRVAUX eu creio para poder compreender .




Allegory of Faith, by the Spanish sculptor Luis Salvador Carmona (1752–53). The veil symbolizes the impossibility of knowing sacred evidence directly


Esta mistura de fé e razão obriga-nos a passar da construção ao acolhimento e da evidência à adoração. Associam-se assim a adesão da fé com um engajamento completo e a inteligência da fé implicando uma consciência mais viva do mistério e o desenvolvimento  da sua inteligibilidade.

O homem perante Deus


Várias atitudes possíveis

Há várias escolas filosóficas que admitem a existência de Deus, outras que não
Quer dizer que pelo menos para alguns a razão pode criouhegar à hipótese Deus mas parafraseando Karl Popper para uma hipótese ser verdadeira tem que se considerar a possibilidade da sua refutação.ir Deu
A razão pode levar-nos assim a uma hipótese que não é uma verdade absoluta e não responde ao que é a esta noção tão abstracta e tão difusa
Não admira portanto que se tomem atitudes diferentes perante Deus.

Indiferença

A questão nem sequer se põe – é um tema que não considero e não me preocupa

Negação

É o caso dos ateus  - negam totalmente a existência de Deus

Duvida

Para os agnósticos a razão não pode chegar a até Deus e não há argumentos para aceitar ou recusar

Crença

Há aqui várias matizes:
•          Deus criou o mundo e nada mais (deísmo)
•          A razão não nos permite atingir Deus mas podemos lá chegar pela vontade e pelo sentimento (fideísmo)
•          Crença num Deus criador e pessoal

A religião e os avanços da ciência

A história está cheia de conflitos entre a ciência e a fé
A Igreja tem-se agarrado a interpretações literais, adaptando-se lenta e dificilmente aos avanços da ciência. Transformou raciocínios de uma filosofia misterial, portanto falível, em definições infalíveis

O cientista e Deus

O trabalho do cientista será incompatível com a ideia de Deus? Será necessário dizer como Pasteur :
Eu quando entro no laboratório ponho a bata e deixo Deus ou como um prémio Nobel que ao lhe perguntarem se acreditava em Deus respondeu – claro que não, sou um cientista.
Eu penso que a ciência e Deus não são incompativeis, antes pelo contrário. O cientista crente terá que decidir criteriosamente o que é verdade de fé e o que é uma filosofia misterial transformada em regra absoluta.
Por outro lado, pelo menos para mim, a investigação é uma fonte permanente de contemplação ao observar as maravilhas ,por exemplo, do corpo humano como uma máquina tão perfeita e complexa.
Ao observar a evolução vemos a natureza caminhar para uma perfeição cada vez maior. Este é um caminho que nós tambem somos obrigados a percorrer

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